sexta-feira, 3 de julho de 2015

Postagem Especial Nº 50 - O que me encanta no cinema e os seus (e meus) problemas

Para comemorar o post de número 50, resolvi mudar de ares, falar de uma coisa que nunca falei, um assunto bastante desconhecido por mim e bem fora do meu interesse: cinema.
Escrevo esse artigo enquanto como um hiper pão de mel com chocolate, de uma quinta-feira, na semana em que voltei de férias do trabalho, então desculpe-me caso eu tenha exacerbado um pouco nas palavras.

Talvez, esse fenômeno aconteça só comigo, posso ser o "estranho" da parada, mas queria compartilhar com vocês uma coisa que me deixa muito intrigado, chateado às vezes.

Nasci em 1994, quase um século depois da primeira projeção dos irmãos Lumière (que ocorreu em 1885). Nesses cem anos muitas coisas mudaram, nossa sociedade, nossa forma de ver o mundo. Foi nesse fatídico ano que foram lançados filmes como Forrest Gump, O Máskara, O Rei Leão, Pulp Fiction e Velocidade Máxima. Pode não parecer, mas se vão 21 anos.
Onde quero chegar com isso? Hoje, se você assistir O Máskara, ou até mesmo Forrest Gump, provavelmente estranhará os efeitos especiais agora datados (ambos foram indicados ao Oscar nessa categoria, sendo que o segundo levou a estatueta).


O cinema, em pouco mais de 20 anos, teve uma mudança tremenda. Atualmente, os filmes quase não impressionam mais pelos efeitos, já virou algo comum, desde Avatar (ao meu ver, o último filme que realmente causou um grande impacto nesse aspecto).
Será que se for levar em conta esse fator, o cinema vem perdendo seu poder de encantar? Será que já chegamos no limite ou ainda tem muita coisa para avançar?
Como disse, nesse aspecto até pode ser, tanto que os estúdios estão investindo em remakes de filmes antigos para ver se causam alguma emoção, usufruindo da nostalgia - funciona às vezes, tanto que assisti Jurassic World e Mad Max Estrada da Fúria e parecia uma criança.
Mas, a história (roteiro), tem deixado a desejar. Por mais que tenha filmes com roteiros ótimos nos últimos tempos, a balança pende mais para o déficit. Muito por cauda dos remakes, e outras por um fator que comentarei mais abaixo.

Outro assunto que quero discutir é a forma como as coisas nos são apresentadas.
Cresci junto com a internet, sou da geração internet, Porém, fui inserido nesse mundo muito tarde, já que fui ganhar um computador somente em 2012. Sim, tarde. Para meus pais, não era um bem necessário, então eles nunca ligaram muito para isso. Para falar a verdade, não ligava muito também. Via meus amigos indo para a escola virados porque ficavam a madrugada toda na frente do computador, no MSN, ou fissurados em Orkut e Tumbler. Sentia falta apenas no momento de fazer os trabalhos, mas nada que uma lan house não salvasse.
Isso fez com que voltasse minha atenção para outros assuntos, como leitura (de livros físicos), escrever e assistir filmes e programas de TV. Mantinha minha mente ocupada, mesmo sem ter um computador. Vejo que isso, por um lado, foi positivo, já que me estimulou muito mais a fazer outras coisas que meus amigos achavam estranho, a ampliar meu conhecimento, a estudar (e futuramente conseguir uma bolsa de estudos e ter um intelecto suficiente para escrever esse monte de baboseira). Não estou escrevendo essas palavras para me vangloriar, jamais, é apenas para mostrar como ficar longe de certas coisas nos faz enxergar outras, assim nos deixando com a mente mais ampla.
Porém, pode ter sido prejudicial justamente nesse aspecto. Hoje, muitas coisas que são "populares" não me agradam. Talvez, essa abertura que causei em mim mesmo possa ter me fechado para gostar de outras coisas. Entretanto, no mundo em que vivemos nesse momento, não temos mais como fugir delas, por isso, também fui impactado (palavras de publicitário mesmo).

Sempre gostei de cinema, mas comecei a me aprofundar mais em meados de 2009, que foi o momento em que meu olhar mudou. Comecei a prestar atenção na fotografia, nos movimentos de câmera, enquadramento, roteiro, trilha sonora, atuação. Antes, como a criança que era, assistia os filmes de Harry Potter, Transformers, o próprio O Máskara, com uma visão bem mais de espectador, de entretenimento, do que como um crítico, sabendo o que está certo, quais os fundamentos da obra.
Sei que isso parece chato, mas sou apenas uma pessoa considerando o cinema como arte, a 7ª arte.
Porém, o material que eu tinha para assistir/criticar era muito escasso. Na época, não tinha TV a cabo e nem internet. No mais, um aparelho de DVD. Mas isso não me impedia de ver pérolas que passavam na Globo e no SBT. Mesmo assim, a maioria dos filmes que eu assistia era de uma leva mais recente, novos (no sentido de 1990 pra cá). Na época e até hoje em dia, é raríssimo um canal aberto passar uma obra antiga, afinal, não são do gosto do público. Desde criança, ouvia dizer que filme preto e branco e antigo era chato. Esse era o parâmetro que eu tinha de cinema.
Pouco tempo depois, as coisas começaram a mudar. Finalmente ganhei um computador e instalamos TV a cabo. Daí, a partir disso iniciei a minha saga pela busca de filmes referência, os chamados clássicos - digno de ser passado para outras gerações, universalmente conhecidos e servem como modelo - aqueles que nas minhas pesquisas eram os mais importantes e melhores já produzidos.
Foi nessas que assisti O Poderoso Chefão, 2001 - Uma Odisseia no Espaço, Taxi Driver, Lawrence da Arábia, entre tantos outros. Mas, o que mais me deixava intrigado e, por vezes chateado, é que esses filmes não me empolgavam. Eu sabia reconhecê-los como obra prima, sua importância, muitos deles eu gostei, realmente, muito até, mas não me causava aquele frenesi de quando assistia um Harry Potter, um Homem Aranha. Afinal, na minha mente (disso eu tenho consciência e coragem de admitir), já tinha visto aquilo. De alguma forma, aquilo não era novo para mim.
Vendo O Poderoso Chefão, via ali coisas de Pulp Fiction, de Os Bons Companheiros, Cães de Aluguel, entre outros.
Vendo 2001, vi ali Star Wars, A.I. - Inteligência Artificial, entre outros.
Mesmo sabendo que foram esses filmes que foram as influências.
Poderia assistir qualquer filme da era do Expressionismo Alemão e não via nada além de uma obra de Tim Burton com menos recursos.
Uma experiência interessante: assisti todos os filmes de Nárnia, achei ótimos (o primeiro, principalmente). Mas depois, fui ver uma trilogia chamada O Senhor dos Anéis (quando foram lançados tinha 6, 7 anos, não me julguem). Onde estão as diferenças no que se diz respeito a forma? Percebi que a adaptação de Nárnia não foi nada mais além de um O Senhor dos Anéis com menos violência. Depois vieram O Hobbit e uma caralhada de filmes de fantasia, todos na mesma pegada.
Talvez, se eu tivesse sido introduzido da maneira correta, ou se tivesse tido mais acesso a essas informações, veria as coisas com um olhar diferente.
Devo lembrar também que nasci numa época em que explosões e destruições são mais importantes que um bom diálogo, um bom roteiro (daí que surge meus sonhos estranhos). Por isso que, os filmes referência não me soam estranhos - justamente, são referência. Mas creio que muitas coisas não estão sendo de feitas da forma que deveriam ser feitas, pois usar algo como referência não quer dizer copiar. Mesmo assim, ainda prefiro muitos blockbusters a alguns "filmes referência".
Tanto que, filmes que tem algum conteúdo original, são os que geralmente mais me agradam.
Sempre que leio crítica de um filme que contradiz o que eu senti ao ver o filme, me sinto o errado. Mas, depois paro pra pensar que cada um tem seu ponto de vista, seus gostos. Só queria que essa mentalidade se firmasse na minha cabeça de forma concreta, assim paro de ficar grilado e paro também de ficar escrevendo textos como esse.

Enfim, pode ser o que for, mas o cinema, pelo menos pra mim, nunca vai deixar de ser uma arte*.



*Arte (do latim ars, significando técnica e/ou habilidade) pode ser entendida como a atividade humana ligada às manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada por meio de uma grande variedade de linguagens , tais como: arquitetura, escultura, pintura, escrita, música, dança e cinema, em suas variadas combinações. O processo criativo se dá a partir da percepção com o intuito de expressar emoções e ideias, objetivando um significado único e diferente para cada obra.



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